quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Areia

Antes que me escape... (a palavra)

Antes que me fuja... (a coragem)

Antes que me aguarde... (o silêncio)

Antes que eu me abandone
Entre parênteses e minúscula

(rá!)

Deixe-me alçar um vôo
Deixe-me chegar ao céu

Vou te levar comigo!

...

Tenho aqui umas asas meio desgastadas
Outras também que nunca foram usadas

(umas sabem muito do mundo; outras não sabem nada)

Sinta a brisa no rosto
Sinta o sol sobre o corpo
Sinta a felicidade

Faltam-me as palavras
Ignoro a coragem -
ou a falta dela -
Vôo de mãos dadas
Com o silêncio.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Paralelas

Você linear;
Eu nem tanto.

Matemática:
Paralelas se cruzam

No infinito.

Você linear,
Eu irregular
(linhas musicais)

Lado a lado

Paralelas

Você linear
(gosto tanto!)

Gosto de desenhar
(irregular)
As linhas
Do seu rosto

Gosto de desenhar
Paralela a você
Gosto de me encontrar
Paralela a você

No infinito.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

fui-me embora de Pasárgada

fui-me embora de Pasárgada
minhas coisas lá deixei
perdi-me a meio caminho
e ali mesmo me instalei

fui-me embora de Pasárgada
fui-me embora de Pasárgada
lá eu não era feliz
ninguém queria aventura
de tal modo indigestas
joanas e marias aos montes
hipócritas e falsas crentes
ostentavam-se decentes
coisa que nunca fui

e como faço ginástica
ando de bicicleta
monto em burro brabo
subo no pau-de-sebo
tomo banhos de mar!
e quando estou cansada
deito na beira do rio
mando chamar sereias
pra me contar histórias
que no tempo de eu menina
era proibido falar
fui-me embora de pasargada

em pasargada tinha tudo
era outra civilização
tinha processo seguro
de impedir a concepção
tinha telefone automático
tinha alcalóide à vontade
tinha prostitutos bonitos
para a gente namorar

mas certa noite eu estava triste
mas triste de não ter jeito
certa noite me deu
a vontade de me mandar
e aqui não existem reis
durmo do jeito que quero
na cama que imaginei
fui-me embora de pasargada

*esta poesia é uma paródia, com trechos quase-plágio, da poesia "Vou-me embora pra Pasárgada", de Manoel Bandeira.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

o virgem iii

o sabor que provei -
pelo qual esperei,
cê não sabe (ou sabe)
mas andou me ensinando

a esperar...

o sabor que provei -
doce, salgado, não sei
cê não sabe (ou sabe)
mas gosto da bíblia

(descobri)

o sabor que provei -
sal e luz, isso eu sei
cê não sabe (ou sabe)
mas faz do verbo carne.