fui-me embora de Pasárgada
minhas coisas lá deixei
perdi-me a meio caminho
e ali mesmo me instalei
fui-me embora de Pasárgada
fui-me embora de Pasárgada
lá eu não era feliz
ninguém queria aventura
de tal modo indigestas
joanas e marias aos montes
hipócritas e falsas crentes
ostentavam-se decentes
coisa que nunca fui
e como faço ginástica
ando de bicicleta
monto em burro brabo
subo no pau-de-sebo
tomo banhos de mar!
e quando estou cansada
deito na beira do rio
mando chamar sereias
pra me contar histórias
que no tempo de eu menina
era proibido falar
fui-me embora de pasargada
em pasargada tinha tudo
era outra civilização
tinha processo seguro
de impedir a concepção
tinha telefone automático
tinha alcalóide à vontade
tinha prostitutos bonitos
para a gente namorar
mas certa noite eu estava triste
mas triste de não ter jeito
certa noite me deu
a vontade de me mandar
e aqui não existem reis
durmo do jeito que quero
na cama que imaginei
fui-me embora de pasargada
*esta poesia é uma paródia, com trechos quase-plágio, da poesia "Vou-me embora pra Pasárgada", de Manoel Bandeira.